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8 de novembro de 2009

Introdução ao Cisne Negro

Durante anos acreditou-se que existissem apenas cisnes brancos. E por que? Pois somente cisnes brancos que eram vistos, portanto pela observação, concluía-se que: só existem cisnes brancos. Mas a afirmação era falsa, pois deu notícias um cisne negro (sim, ele existe), e aquela "certeza" que vingou por muitos anos, caiu por terra em apenas alguns minutos.
Com base nessa história (verídica), o autor Nassin Nicholas Taleb
escreveu seu livro "A lógica do Cisne Negro", considerado o melhor livro de negócios do ano de 2007, no qual eu estou relendo e tenho certeza que retirarei bons conhecimentos para o tema desse blog.

Qual o significado do Cisne Negro? Cisne Negro é uma analogia que o autor faz para eventos que ocorram cujo as características são: de alto impacto, altamente improváveis e baixa previsibilidade. A história está repleta de Cisne Negros: pense na 1ª Guerra Mundial; na quebra da bolsa em 1987; no 11 de setembro; a disseminação da internet, para só citar quatro exemplos. Na verdade, em nossas próprias vidas, conseguimos identificar Cisnes Negros. Pense em quantas coisas aconteceram com você. Agora pense o quanto elas ocorreram com a devida programação, de acordo com o que foi planejado. Tenho certeza que muitas coisas ocorreram de forma "inesperada" (sua profissão, a pessoa que você se casou, traições, seu súbito enriquecimento, etc), o Cisne Negro é feito disso, da incerteza que nos é rodeado durante todo o tempo, sobre o qual não temos controle.

Mas há uma distinção, há uma divisão, onde os Cisnes Negros podem atuar, ou seja, não são em todos os lugares que eles se proliferam. Diante disso, o autor aborda dois "mundos": o Mediocristão, que é o lugar onde não há eventos de alto impactos, onde as coisas acontecem de forma programada e planejada; e o Extremistão, que é um ambiente totalmente sujeito aos Cisnes Negros como foi descrito no parágrafo anterior. Para ficar melhor elucidado a diferença entre essas duas situações, faremos uso da estatística, vamos lá.
Suponha que você reuna 1000 pessoas aleatoriamente e as peçam para que se juntem lado a lado em um estádio de futebol. Pense na pessoa mais pesada que possa existir no mundo e a acrescente na amostragem. Concluindo que essa pessoa pese o triplo da média, em torno de 180 a 230 kg, ela representará mais do que uma fração muito pequena do peso da população inteira (que neste caso é aproximadamente 0,5 por cento). Se você não ficar contente, imagine que você encontre a pessoa mais pesada de todo universo (se ainda ela possa ser chamada de "pessoa") e a acrescente na amostragem. Mais uma vez ela não representará mais do que 0,6 por cento digamos, ainda uma diferença insignificante. Portanto a lei na província do Mediocristão é: quando a amostra é grande, nenhum exemplar alterará de modo significativo o agregado ou o total. Em outras palavras, o médio, o previsto, o normal, o esperado, faz parte desse mundo.
Mas meu amigos, infelizmente o mundo não é regido no Mediocristão, vamos lá explicar o Extremistão: considere o patrimônio líquido das 1000 pessoas que você enfileirou no estádio, agora adicione a pessoa mais rica do planeta na amostragem (vamos colocar o conhecido Bill Gates), presuma que seu patrimônio líquido seja  próximos dos 80 bilhões de dólares. Quanto da riqueza total da amostragem ele representaria? Seriam 99,9 por cento? Na verdade, todos os outros representariam um erro de arredondamento para seu patrimônio líquido. É assim as características do Extremistão, as desigualdades são tantas que uma única observação pode exercer um impacto desproporcional sobre agregado ou sobre o total.

Se você é um consultor, possui um escritório de contabilidade, trabalha com indústria de calçados, tem uma padaria, trabalha em negócios de tecnologias disruptivas, ou é professor; você certamente está no mundo do Mediocristão onde as coisas ocorrem de maneira previsível, então use e abuse dos conceitos e técnicas (e esse blog está disposto a divulgá-los) que podem ser aplicados para o sucesso (ei, chame nós Administradores para trabalhar!). Agora meus amigos, caso você esteja no ramo do mercado financeiro (mesmo com todo aqueles conhecimentos de matemática aplicada, o livro prova que é conhecimento fajuto para o Cisne Negro, voltarei a isso), da indústria fonográfica e quer lançar um artista, se você é "especialista" em economia e prevê dados econômicos, taxas inflacionárias e preços de ações na bolsa, ou está buscando alguma tecnologia revolucionária; sinto lhe dizer que você faz parte do Extremistão e que está sujeito ao seu impacto altamente improvável (tanto negativo quanto positivo), e todo o conhecimento que você possui, pode não significar nada para evitá-los (lembrem-se recentemente da crise no mercado imobiliário nos EUA, um clássico exemplo de Cisne Negros, e porque todos aqueles "economistas Nobel" não preveram o evento?).

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Quando eu estava escrevendo o último parágrafo, me deparei com um terrível dilema. As empresas estão no Mediocristão ou Extremistão? Tentei responder a essa pergunta partido do ramo de negócios no qual uma empresa está inserida. Pensei: se ela faz parte do ramo de confecções por exemplo, ou de extração de minérios, talvez, pelas características do setor, essas empresas sejam do Mediocristão, devido as poucas mudanças que ocorrem, talvez seja mais previsível trabalhar nelas. Já empresas no ramo de tecnologia, por ser um setor de grandes inovações, imaginei que elas poderiam se encaixar no Extremistão, sendo que o improvável pudesse acontecer com maior frequencia. Não sei se isso pode estar certo, se alguém quiser contribuir agradeceria muito.

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Talvez vocês já tenham percebido, se não, explico que o mundo do Mediocristão, por suas características, possui um tipo de profissão que o livro chama de não-escalável, que por definição é: aquelas profissões que a sua presença é necessária para o serviço prestado por você, e que portanto a sua renda fica estabelecida pela quantidade que você trabalha. Nesse tipo de profissão a renda é (muito) menor que no Extremistão, mas quase todos da fatia ganham.
Já no Extremistão não, as profissões de lá são escaláveis, ou seja, o seu trabalho é apenas um, não depende de mais um esforço seu para angariar uma maior renda. Pense por exemplo em escritores de livros: eles fazem o mesmo esforço de escrever para uma pessoa ou para milhares. Ou artistas de música, ou operadores da bolsa de valores. Consequentemente o ganho financeiro dessas profissões também são escaláveis, (muito) maiores que a do Mediocristão, porém apenas alguns poucos "sortudos" ficam com toda a fatia, enquanto os outros ficam sem nada (a injustiça é muito maior aqui). Portanto um conselho, se for escolher entre uma profissão escalável ou não-escalável, fique com a última.

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Os exemplos estatísticos foram reproduzidos fielmente como no livro.

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Alerto para o fato de o conceito de incerteza ser de extrema importância ser repassado nos cursos de Administração de Empresas.

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